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Me sinto deprimido, como posso seguir vivendo?

“o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando”.

Como diz Guimarães Rosa, não estamos sempre iguais, nossa história é feita de momentos. Alegrias e  tristezas fazem parte de nossa experiência de vida. E pode acontecer para alguns, ao longo de suas  trajetórias, experimentar um episódio depressivo. Se sentir deprimido não é uma experiência fácil, mas pode significar uma oportunidade de autotransformação, de ressignificar crenças e valores. Por mais doloroso que seja, é importante seguir vivendo, mas como?

Sentir-se triste não é estar deprimido, a depressão inclui uma forte tristeza ou diminuição importante na capacidade de sentir prazer, ou os dois juntos. Para fazermos o diagnóstico de depressão, usamos um tempo de pelo menos duas semanas de sintomas. E além dessa tristeza tão importante e da diminuição da capacidade de sentir prazer, outros sintomas devem estar associados, como alteração do apetite, alteração do sono, fadiga, sentimentos de culpa ou inutilidade, indecisão, dificuldade de concentração, pensamentos de morte e ideação suicida. Quando um transtorno depressivo está presente, quase sempre lançamos mão dos antidepressivos, são eles, às vezes associados a outros psicofármacos, que vão em muito nos ajudar. A medicação certa, na dose certa e pelo tempo necessário são pontos a serem pensados, mas não apenas isso, não podemos esquecer de outros recursos não medicamentosos importantes, como psicoterapia, atividade física, rede de apoio, meditação, espiritualidade, entre outros. Resgatar antigos interesses e prazeres são caminhos de desafogo.

Quando recebo no meu consultório uma pessoa deprimida, pode ser que ela já tenha passado por outros episódios depressivos e outros tratamentos, pode ser que se sinta desanimada, sem esperanças. E então buscamos espaço para seguirmos um novo caminho, encontrar uma nova porta faz parte dessa caminhada, outras se fecharam ao longo da jornada, mas sempre é possível seguir adiante. Virar uma página, se perdoar, entender que a vida muitas vezes segue rumos diferentes do que gostaríamos, mas mesmo as frustrações nos trazem aprendizados, e novas rotas. Seguir é entender que ao estarmos vivos vamos receber alguns nãos, mas somos capazes de nos acolher, reconhecer nossas limitações e ver beleza no que é possível para esse momento.